quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Visita de Luiz Xavier no Terra Madre

O chef Ivan Lopes preparou um menu surpresa para receber Luiz Xavier. Vale a pena se deliciar com as palavras de  Xavier  que sabe descrever como ninguem.



Luiz Xavier descrevendo:
Magret de marreco – quem diria?
De pato acho que todo mundo conhece. Ou pelo menos ouviu falar. É o filé do peito da ave, que, ao contrário dos cortes de frango e outros parentes, tem a mesma cor avermelhada da carne bovina. Uma delícia, desde que levemente grelhado para manter o mal-passado de seu interior (e é aí que boa parte dos restaurantes peca, pois na demora de tempo entre o cozimento e o chegar à mesa a carne passa do ponto e fica mais dura).
Magret de marreco... não teria sido um engano do garçom? Não pode ser, imaginei, eles são muito profissionais e bem treinados aqui no Terra Madre. O fato é que estava muito bom, fosse lá o que fosse. Oficialmente era um Magret de marreco com risoto de camembert e tomates-cereja. Carne macia, suculenta e o risoto com o arroz al dente – como é recomendado -, com pedaços do queijo derretendo e não incorporados na mistura. Não perguntei, mas a impressão que tive foi de terem sido colocados no último momento, instantes antes de o prato ir à mesa.
Veio o chef à mesa e confirmou: era mesmo um peito de marreco, vindo do Frigorífico Matias, de Santa Catarina.

 O couvert do Terra Madre, sempre saboroso e impecável.

Mas este foi praticamente o fim da história, de uma noite de sabores inesquecíveis proporcionada pelo chef Ivan Lopes, um dos Top-5 dos Chefs 5 Estrelas eleitos pelo Prêmio Bom Gourmet 2011. Já na chegada ao restaurante foi até nossa mesa assim que nos viu e nem permitiu que olhássemos o cardápio. “Vou cozinhar pra vocês” – prontificou-se. E quem poderia recusar uma oferta dessas?
 Sopa de milho verde na canequinha - o mimo do restaurante sempre no início das refeições.

 O Terra Madre tem um belo cardápio à la carte que passa por constantes modificações – agora mesmo, para as próximas semanas, algumas deverão acontecer. Além disso, oferece também um menu-degustação, com pratos da entrada à sobremesa por R$ 110 por pessoa. E foi aí que nos encaixamos, com a vantagem de termos à disposição a inspiração do talentoso chef. Um menu-confiança como poucos têm o privilégio de degustar.
Enquanto pensávamos em bebidas e acompanhamentos chegou o couvert, que sempre é muito gostoso, com tartare de carne, uma cenoura em tiras finíssimas e bem temperadas, berinjela e um queijo cremoso. E em seguida, tradição de boas-vindas da casa, uma sopa em canequinha. A daquela noite era de milho-verde. Deliciosa, deixando o desejo de pedir mais.

 Tartare de atum com maçã verde, a entrada do menu-confiança do chef Ivan Lopes.

 E aí começou o desfile. Primeiro chegou um Tartare de atum com maçã verde. Bem equilibrado na divisão dos sabores, com tempero discreto o suficiente para não encobrir o sabor da delicada carne crua do peixe.

 Pescada amarela com musseline de mandioquinha e molho de caranguejo e camarão.

 E por falar em peixe, o que era aquela pescada amarela de casquinha crocante que veio depois? Pescada amarela com musseline de mandioquinha e molho de caranguejo e camarão, o nome de batismo. Peixe no ponto, a musseline cremosa e o molho quase roubando a cena. Na combinação final de paladar, perfeito.

Costela de Red Angus com molho demiglace e couscous de amêndoas.

O primeiro prato de carne foi uma Costela de Red Angus com molho demiglace e couscous de amêndoas. Cozida por horas e horas em baixa temperatura, a carne se desmanchava ao toque do garfo e era muito bem escoltada pelo couscous, úmido e discreto, de sabor suficiente para ser um correto coadjuvante.
Foi depois disso que veio o magret que nos surpreendeu – com todos os elogios já aqui expressados e outros que ainda poderão vir. Grand Finale de uma noite inspirada de um profissional como poucos na cozinha de hoje.

 Panetone Fasano grelhado com sorvete de baunilha e creme inglês.

 Ah, sim, ainda teve uma sobremesa, um Panetone Fasano grelhado com sorvete de baunilha e creme inglês.
Valeu cada centavo da conta. Isso sem contar o carinho do chef e do pessoal da casa – que, definitivamente, não tem preço.
(Ah, esses pratos não estão necessariamente no cardápio regular do Terra Madre. Estão em fase de, digamos, laboratório. Mas não custa chegar e dar uma chorada para o chef, caso tenha se interessado por algum deles. Vai lá que ele se sensibiliza e proporciona os mesmos momentos de prazer que tivemos.)


Estamos esperando voce!!!
http://terramadreristorante.com/index.php/pt/

Fonte: Panela de Anacreon - Bom Gourmet

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